Várias vezes tentei achar o Garrincha
Fazê-lo jogar no campo das minhas linhas,
Consegui algumas peladas
E outras piruetas de efeito
Nada escultural
Que o fizesse falar como Miguel Ângelo
Se eu fosse apenas peladeiro
Jogaria de lateral ou ponta esquerda
Na vida sempre joguei por aquele ladinho
Nunca ganhei uma partidinha
Nem um simples amistoso
Perdi todas
Ali naquele cantinho utópico
Gostaria de ser adversário
Desafiá-lo
Do lado dele seria fácil
Seguiria a onda feito gado
Acredito que temos a mesma sina:
A arte de enganar.
Já ganhei aplausos pelos meus dribles arabescos
Mato a sede no rio seco
E sempre termino igual a João
Alimentado de grama, terra e cal
Com a cara e a bunda no chão
Decidi apelar,
Se precisar roubar não terei escrúpulos,
Achei uma pérola perdida no dia seguinte
A uma palestra na ABI com Ruy Castro,
Morri de inveja,
O olho engordou e a mão boba cresceu
Apontei a arma para o computador
Rendi um sujeito chamado Cesar Oliveira
Ele era rico e não sabia,
No meio de tantas preciosidades
Por esse mundão afora
O cara garimpou o Garrincha que eu procurava:
Malandro é malandro Mané é Mané!
O Poeta do Povo e do Botafogo
Derrotado, driblado, espantado, maravilhado...
Aprendeu que para senti-lo
Não é preciso epopeia
Ou se perder nas excessivas palavras do dicionário
O malandro tirou os documentos de cidadão comum
E o Mané assumiu o circo
Como o Rei do Picadeiro.
Autor(es): Adilson Taipan
Editora: @livrosdefutebol
ISBN:
Lançamento: 2011
Páginas: 80